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COISAS
DO CORAÇÃO
©Josselene
Marques
Com
o olhar fixo no horizonte azul pálido, banhada por ondas vindas dos raios
madrugadores – e ébria de ar puro –, solitariamente inquiro o meu coração. Quero, com isso, entender os motivos do seu
silêncio e lhe pergunto:
–
Por que disseste adeus aos sonhos?
–
Que foi feito da tua louca ternura?
Em
resposta, soa uma voz soturna e muda. Desapontada, sem ter a esperada réplica, meus
olhos tristes sorriem timidamente – ao contrário dos lábios cerrados – e o
pensamento voa veloz, interrogando-me por meio da voz da razão:
–
Se um coração enamorado é tão estrito, para sozinho abrigar o cabal amor, por
que então não confessas, compartilhas o teu sentir? Será que está, por acaso,
reduzido o nobre sentimento? Afinal, por que ignorar os gritos da vida?
Após
horas de muda contemplação, de ininterruptas reflexões, concluí que, embora o desautorize,
meu coração já não me pertence incólume: tornou-se dono de si próprio. Consolidada
a sua emancipação, nem sempre me ouve, desprezando avisos e conselhos.
Fecho
os olhos, tento pensar no que me faz feliz... São tantas coisas! E todas elas com a
marca da simplicidade...
Ao
reabri-los, vejo que o céu azul tingiu-se de rosa. O rosa, quando toma o azul
do céu e se mistura com ele, adquire um tom violáceo semelhante ao de um
romântico buquê nas mãos de uma noiva em dia de casamento...
A
seguir, vislumbrei a Lua rompendo as nuvens, altiva, radiante, divina... Num
instante ela banhou-me com sua refletida luz de cor branquíssima. O cenário então
se completa e se torna deslumbrante, devolvendo-me a esperança e me animando a
cantar o amor que carrego no coração...
Um comentário:
Olha, Josselene... Fazia tempo eu esperava que você viajasse por caminhos da prosa poética, mas nunca esperei que ela viesse dessa forma, tão linda, tão expressiva e de uma subjetividade quase que conjunta com o pensar da maioria das pessoas. Será assim mesmo as coisas do coração? Território independente? Sim, acho que sim. Parabéns pelo texto. Seja bem vinda a prosa poética!
Beijos!
Raí
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