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domingo, 6 de julho de 2014

COISAS DO CORAÇÃO


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COISAS DO CORAÇÃO
©Josselene Marques

Com o olhar fixo no horizonte azul pálido, banhada por ondas vindas dos raios madrugadores – e ébria de ar puro –, solitariamente inquiro o meu coração.  Quero, com isso, entender os motivos do seu silêncio e lhe pergunto:
– Por que disseste adeus aos sonhos?
– Que foi feito da tua louca ternura?
Em resposta, soa uma voz soturna e muda. Desapontada, sem ter a esperada réplica, meus olhos tristes sorriem timidamente – ao contrário dos lábios cerrados – e o pensamento voa veloz, interrogando-me por meio da voz da razão:
– Se um coração enamorado é tão estrito, para sozinho abrigar o cabal amor, por que então não confessas, compartilhas o teu sentir? Será que está, por acaso, reduzido o nobre sentimento? Afinal, por que ignorar os gritos da vida?
Após horas de muda contemplação, de ininterruptas reflexões, concluí que, embora o desautorize, meu coração já não me pertence incólume: tornou-se dono de si próprio. Consolidada a sua emancipação, nem sempre me ouve, desprezando avisos e conselhos.
Fecho os olhos, tento pensar no que me faz feliz... São tantas coisas! E todas elas com a marca da simplicidade...
Ao reabri-los, vejo que o céu azul tingiu-se de rosa. O rosa, quando toma o azul do céu e se mistura com ele, adquire um tom violáceo semelhante ao de um romântico buquê nas mãos de uma noiva em dia de casamento...
A seguir, vislumbrei a Lua rompendo as nuvens, altiva, radiante, divina... Num instante ela banhou-me com sua refletida luz de cor branquíssima. O cenário então se completa e se torna deslumbrante, devolvendo-me a esperança e me animando a cantar o amor que carrego no coração...


Um comentário:

Anônimo disse...

Olha, Josselene... Fazia tempo eu esperava que você viajasse por caminhos da prosa poética, mas nunca esperei que ela viesse dessa forma, tão linda, tão expressiva e de uma subjetividade quase que conjunta com o pensar da maioria das pessoas. Será assim mesmo as coisas do coração? Território independente? Sim, acho que sim. Parabéns pelo texto. Seja bem vinda a prosa poética!
Beijos!
Raí