O sonho amanheceu com a madrugada
E inundou a minha vida de poesia...
Livre da rotina agitada,
Sem compromissos,
Sem horários a cumprir,
Sem a costumeira pressa,
Levanto-me e, pela janela,
Testemunho o espetáculo do raiar do dia.
Ao observar essa cena comum,
- Mas, nem por isso, menos especial -,
Percebo que, raramente,
Tenho disponibilidade para tal.
Saio em busca do mar...
Do infinito do meu ponto de partida,
Sigo semeando meus próprios passos...
Caminho pela orla de um verde profundo...
Aspiro, com delícia, o cheiro da maresia.
O contato com a água morna do mar
Beijando a areia e lavando os meus pés,
O lapidar das pedras pelas ondas espumantes
Produzindo uma cadenciada melodia,
A brisa suave desalinhando os meus cabelos,
Causando arrepios em minha pele
E, ainda, o azul celeste decorado de branco...
Tudo isso, por junto, praz-me sobremaneira.
Sinto a alma liberta e leve...
De repente, vejo gaivotas no céu...
Trago à ideia um desejo inato:
Adoraria com elas poder voar
E matar a saudade que exora em meu peito.
Então, reflito: para que serve o pensamento?
Por instantes, saio de meu comedido existir...
Sem nexo, sem censura e sem sofrimento,
Na velocidade do pensar, liberto o meu querer...
Na lucidez da felicidade, mitigo desejos alados,
A alma está limpa, livre de ideias preconcebidas ou impostas.
Igualmente desimpedido, o coração vibra
Repleto de amor por ti, pela vida, pelo mundo...
Copyright © Josselene Marques
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