Conteúdo do blog

Conteúdo do blog

terça-feira, 18 de agosto de 2009

De ti sinto saudade

Imagem: WEB

Neste instante a saudade
É a minha companheira.
Quem dera ela se fosse
E tu a substituísses.

Vendo-nos apartados
No tempo e no espaço,

Num impulso, tento antecipar a hora,
Mas o relógio não obedece – pura ilusão!

Restam-me apenas a lembrança do teu olhar,
Do insigne som de tua voz e um sentimento de incompletude.

No entanto, como nada é em vão, resigno-me
Porque – acredito - resido em teu coração.


Copyright © 2009 – Josselene Marques
© Todos os Direitos Reservados

terça-feira, 11 de agosto de 2009

11.08.09 - Para refletir...

Imagem: WEB

"Uma das causas do fracasso na vida é deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, e depois fazê-lo apressadamente."

(Sabedoria oriental)

domingo, 9 de agosto de 2009

O segredo de Leon

Neste domingo, comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. Escrevi um conto especialmente para marcar a data. Ele é cem por cento inédito. O Segredo de Leon tem um final surpreendente. A leitura do mesmo é o meu presente, neste dia, para você que me visita e, principalmente, para quem já teve o privilégio de ser pai.
Um bom dia a todos!


Em um lindo castelo, numa pacata região europeia, moravam um nobre conde e sua linda esposa. Chamamavam-se, respectivamente, Leon e Laura. Não tinham filhos.

Ele contava com um pouco mais de quarenta anos, estatura mediana e corpo esbelto. Cabelos castanhos e lisos emolduravam o seu semblante expressivo no qual se destacavam belos olhos negros e lábios perfeitos. Sua esposa era loira e dez anos mais jovem. Tinha os olhos azuis nos quais se via refletida uma tristeza de razão desconhecida.

Apesar de manterem uma política de boa vizinhança, raramente, frequentavam ou eram anfitriões. Pouco se sabia de sua intimidade e suas preferências a não ser que o Conde Leon apreciava música. Durante o dia inteiro, eram ouvidas belas canções, em diferentes línguas, oriundas da torre de seu castelo. A vizinhança admirava o seu refinado gosto musical. Os seus empregados o descreviam como um senhor, relativamente, jovem, bastante inteligente, justo, gentil, generoso e com firmeza de caráter invejável; enfim, um ser raro e adorável. O que se passava na torre do castelo, no entanto, nem seus criados o sabiam. Era, realmente, um mistério.


Google Images

Nos últimos cinco anos, segundo eles, o Conde enchia a esposa de mimos e não permitia que os mesmos a ela tivessem acesso – fato que estranhavam sobremaneira. O próprio Leon se encarregava de servir-lhe as refeições. O novo modo de agir do patrão se dera desde o regresso do casal de uma viagem a uma próspera cidade vizinha. Nas poucas vezes em que ele se afastava do castelo para atender a convites irrecusáveis ou honrar compromissos assumidos, era evidente a sua pressa para retornar aos seus domínios. Sempre dava uma desculpa para justificar a ausência da esposa.

Moças casadoiras, vendo-o sozinho, sonhavam com o seu amor. Outras mais afoitas o assediavam e não entendiam o motivo de suas escusas (embora admirassem a sua fidelidade à esposa) e muito menos o porquê de apresentar-se sempre desacompanhado. Ele tinha um segredo – não restava dúvida. Mas, qual?
Por intermédio da criadagem, todos conheciam e reconheciam suas virtudes, contudo, desconfiavam que algo estranho deveria estar acontecendo no interior de sua residência senhorial fortificada e inacessível aos curiosos.

Em uma tarde de verão, quando voltava de uma reunião do Conselho da Cidade, Leon ouviu gritos de aflição provenientes da mata que ladeava a estrada – seu percurso habitual. De repente, surgiu, em frente à sua carruagem, uma moça de pele branca, cabelos louro-escuros e olhos amendoados que suplicavam a sua ajuda. Ágil, ele saltou de seu transporte para socorrê-la. A jovem assim lhe falou:

- Cavalheiro, por misericórdia, ajude-me a salvar minha pobre mãe!
- Não se aflija, senhorita. Como posso ajudá-la? - Foi a sua resposta tranquilizadora.
- Estávamos lavando roupas, naquele rio, e ela desmaiou inesperadamente. Tentei reanimá-la, mas não consegui. Venha depressa, pelo amor de Deus! - Concluiu a angustiada filha.

O conde ajudou-a a subir na carruagem e o contato com a pele macia de seus braços causou-lhe um arrepio. Para reprimir seu instinto, concentrou-se em socorrê-la. Logo chegaram ao local indicado. Ele observou que a mãe da jovem ainda respirava. Animou- se. Fez com que a mesma aspirasse um pouco de éter, o que a fez recobrar os sentidos instantaneamente. Precavido, desde que se emancipara e começara a andar sozinho, costumava levar consigo uma caixa de primeiros socorros para o caso de acidentar-se. Ao ter sua mãe “de volta”, a moça pulou de alegria e, impulsivamente, abraçou o seu salvador. Os corações de ambos aceleraram seus batimentos e seus olhares se encontraram. A atração foi tamanha que, por alguns segundos, esqueceram que não estavam sós. O canto de um pássaro os fez voltar à realidade. O Conde lhes ofereceu uma carona e as deixou em sua humilde casa, próxima à margem do rio. Durante o curto caminho percorrido, descobriu que não haviam se alimentado naquele dia – seguramente, a causa do desmaio. A modesta senhora ficara viúva há dois meses e o que ganhavam, lavando e passando roupas, mal dava para garantir o pão de cada dia. O Conde ficou comovido e lhes ofereceu trabalho em seu castelo. Elas, surpresas e agradecidas, aceitaram a oferta.

Logo que chegou a casa, Leon providenciou tudo para a admissão de suas protegidas.

Duas semanas se passaram e Melissa – este era o nome da jovem – teve a oportunidade de confirmar o que diziam do seu bondoso senhor. Ela simplesmente o venerava. Seria capaz de dar a sua vida por ele. Em momento algum, ele se aproveitara de sua condição para molestá-la e, por isso mesmo, o seu amor crescia ainda mais. Sabia que era um amor impossível, pois Leon tinha uma companheira. Ainda não a vira, mas os funcionários mais antigos afirmavam que era bela e amável. Também estava curiosa para saber por que a condessa não saía dos seus aposentos – na torre do castelo – e o conde não lhe permitia visitas.

Certo dia, Melissa ouviu soluços vindos do escritório e foi até lá. Encontrou o Conde ajoelhado, diante de uma imagem da Virgem Santíssima, pedindo pela saúde de Laura. Parecia desesperado. Melissa, movida por um sentimento de proteção, correu até ele e o abraçou. Leon não a rejeitou. Fez melhor. Resolveu abrir-se com ela. Contou-lhe que amara sua esposa desde que a vira pela primeira vez. Durante alguns meses foram felizes, mas depois que ela descobrira a sua incapacidade para gerar filhos, entrara em processo de depressão profunda e não queria ver mais ninguém. Ele, durante os últimos anos, fizera de tudo para que ela recuperasse o gosto de viver, mas seus esforços tinham sido em vão. Raramente saía. Temia deixá-la sozinha. Laura já tentara o suicídio por duas vezes. Em sua última tentativa, cortara os pulsos, sendo necessária uma pequena cirurgia, na cidade vizinha, para reparar os estragos feitos em seus braços. Felizmente, os cortes não foram profundos e ela resistira. Atualmente, ela encontra-se esquálida e se recusa a comer. Quando se agita, somente a música e os tranquilizantes, prescritos pelo médico consultado durante a sua última viagem, a acalmam. O Conde confessou que se sentia impotente e não sabia mais o que fazer para salvá-la da morte iminente.

Após ouvir aquele relato, Melissa beijou as mãos de seu senhor e lhe disse que podia contar com a sua discrição. Agora, o conde parecia mais tranquilo e mais leve. Afinal, dividira o seu drama com alguém em quem aprendera a confiar. A partir daquela data, tornaram-se amigos e a cada dia ficavam mais próximos um do outro. A jovem seguia reprimindo o seu amor.
Um mês se passou. Já era madrugada quando Melissa acordou pelo som de uma voz masculina e inarticulada. Mesmo sem autorização, subiu os degraus que levavam à torre, abriu a porta do belo e confortável aposento e viu o seu senhor inclinado sobre o corpo de sua esposa que agonizava. Ele fez o possível para reanimá-la, mas seus olhos se fecharam para sempre.


Imagem: WEB

Alguns meses transcorreram até que, em uma bela manhã, ao colher flores no jardim, Melissa foi surpreendida por Leon que colocou os braços em volta de sua cintura, beijou sua face e pediu que se casasse com ele. Ela teve uma pequena vertigem, sorriu e, com um movimento de cabeça, respondeu afirmativamente. A emoção fora tão intensa que lhe faltara a voz.
Quase um ano se passou.

No meio da noite, Leon acordou, sobressaltado, pelo som de vozes e soluços. Vinham do quarto vizinho. Levantou-se rapidamente e foi até lá. Abriu, bruscamente, a porta do cômodo e ficou paralisado com a cena que viu: sua sogra, a parteira do condado e sua bela esposa, com um lindo bebê no colo, choravam de alegria. Seu filho acabara de nascer. Enfim, a felicidade voltara àquele lugar.

Copyright © 2009 Josselene Marques
© Todos os Direitos Reservados

sábado, 1 de agosto de 2009

MATURIDADE

Ser maduro é reconhecer o valor das coisas simples
Josselene Marques
Foto: arquivo pessoal

Neste domingo, estarei com uma nova idade, isto é, cronologicamente, um pouco mais velha - e talvez madura.


A lembrança deste fato me fez refletir e chegar à conclusão de que, nem sempre, estar totalmente desenvolvido, passar dos trinta ou dos quarenta significa ter atingido a maturidade.

O fato de crescermos e nos tornarmos adultos não nos dá a garantia de alcançar a maturidade. Na verdade, são as nossas ações e reações que revelam se atingimos ou não a fase de madurez. Salvo as exceções, o tempo e as experiências – boas ou más – contribuem para chegarmos a esse período de esclarecimento e equilíbrio, no qual resolvemos divergências com diálogo e serenidade. Nele também descobrimos que, se não podemos mudar algo ou alguém, simplesmente devemos optar por sua aceitação.

Em situações de conflito, jamais poderemos nos considerar maduros se nos deixarmos levar pelo impulso ou pela emoção. Somente atingimos a maturidade quando permitimos que ocorram, durante o processo de desenvolvimento, transformações em nossa personalidade e em nosso comportamento.

A pessoa madura, diferente de uma criança, entende, por exemplo, que o amor não é posse. Quando achamos que somos donos de alguém, automaticamente, atestamos a nossa imaturidade. Em alguns casos, a maturidade – momento da existência em que se atinge a autoconsciência – independe da idade cronológica, pois tanto há jovens maduros, altruístas e centrados, quanto adultos imaturos, egocêntricos e inseguros.

EM SÍNTESE, O QUE É SER MADURO?

* Ser maduro é saber entrar e sair de situações sem a necessidade de delegar a outrem a responsabilidade de resolver problemas particulares.
* Ser maduro é ter um conselho certo para orientar alguém que dele necessite.
* Ser maduro é reconhecer o valor das coisas simples.
* Ser maduro é viver de acordo com realidade.
* Ser maduro é saber conviver com as diferenças.
* Ser maduro é relevar insignificâncias que podem destruir um relacionamento, um lar ou até vidas.
* Ser maduro é ter a capacidade de reconhecer os próprios erros.
* Ser maduro é saber a hora de recuar estrategicamente.
* Ser maduro é reflexionar sempre – como estou fazendo agora – a fim de evoluir e se tornar um ser humano cada vez melhor.

Assim, como bem definiu o padre jesuíta e psicoterapeuta Anthony de Mello, a maturidade é o que alcanço quando não tenho necessidade de julgar ou culpar nada e nem ninguém pelo que acontece comigo.

Copyright © 2009 – Josselene Marques